SLK 250 Sport é alternativa da Mercedes para contornar novo IPI
Nesta terça-feira (3), enquanto o ministro de desenvolvimento indústria e comércio exterior, Fernando Pimentel, anunciava o
novo regime automotivo, em São Paulo, eu acelerava rumo ao litoral, a bordo do novo
SLK 250 Sport, da
Mercedes-Benz.
Você deve estar se perguntando: e o que o pronunciamento do Pimentel
tem a ver com o passeio (ops, test-drive)? A resposta tem apenas três
letras: IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Eu explico. Em
setembro do ano passado, o governo
elevou em 30 pontos percentuais a alíquota do IPI
para veículos importados com menos de 65% de conteúdo nacional. O
objetivo era frear as importações e equilibrar a balança comercial. E
entre as vítimas está o
SLK, que vem da Alemanha. Em
linhas gerais, as medidas anunciadas na terça visam elevar o conteúdo
brasileiro dos veículos estrangeiros e reduzir o IPI, de forma gradual, a
partir do ano que vem. Mas enquanto 2013 não chega, os distribuidores
traçam estratégias para driblar perdas geradas pelo imposto.
No caso do conversível, a saída encontrada pela Mercedes foi substituir as versões
SLK 350 e
SLK 200, disponíveis no País desde meados de 2011, pela intermediária
250 Sport.
De acordo com a Fenabrave, associação que reúne os distribuidores de
automóveis, a linha SLK acumulou 544 emplacamentos de julho a dezembro
do ano passado. Dirlei Dias, gerente de vendas e marketing de produto da
Mercedes-Benz, justifica a estratégia. "Mesmo sem o repasse de todo o
IPI para o consumidor, com a alíquota atual de 30%, o preço do
SLK 200 passaria de R$ 218 mil para perto de R$ 270 mil. Já o
SLK 350
saltaria de R$ 265 mil para R$ 350 mil. Ficaria inviável", explica.
Oferecida desde o mês passado, a nova versão é vendida por R$ 249.900.
Dirlei Dias espera que o modelo substituto alcance, “pelo menos”, 400
unidades emplacadas em 2012. Mas o
250 Sport não deve ficar por muito tempo só na gama
SLK. Em meados deste ano, a marca promete trazer a versão top 55 AMG, com motor de 421 cv.
Motor 1.8 de injeção direta entrega 204 cavalos
Receita alemã
Sob o capô, o
250 Sport
traz um motor de quatro cilindros, 1.8 litro, a gasolina, e equipado
com injeção direta de combustível. De acordo com o fabricante, ele é
capaz de entregar 204 cavalos com a ajuda de um turbocompressor. Toda a
potência é entregue aos 5.500 rpm. Já o torque máximo, de 31,6 kgfm,
surge logo aos 2.000 giros, mantendo-se até os 4.300 rpm. A tração é
traseira e o câmbio 7G Tronic Plus tem sete marchas. Essa combinação de
atributos faz o
SLK 250 alcançar 243 km/h de velocidade
máxima e chegar aos 100 km/h em 6,6 segundos. Nada mal para um carro de
1,5 tonelada. Concorrente direto do roadster da Mercedes, o
BMW Z4 sDrive23i é mais leve (1.430 kg) e tem os mesmos 204 cv, mas demora 7,3 s para chegar aos 100 km/h. Assim como o rival, o
Z4
tem tração traseira e câmbio de sete marchas, porém levaria vantagem já
que conta com sistema de dupla embreagem para agilizar as trocas de
marcha – o
SLK não conta com esse recurso.
Visualmente, o
250 Sport é idêntico às outras variantes. Inspirado no irmão maior
SLS AMG, o
SL
compacto tem como destaques o capô elegante, a grade dianteira saliente
e o belo conjunto óptico com fileiras de leds, inclusive para
iluminação diurna. As saídas de escape quadradas, posicionadas de cada
lado do pára-choque traseiro também dão ao
SLK uma pose
de V6. A combinação entre acabamentos cromados ou de alumínio escovado e
couro garantem sobriedade e requinte à cabine, que também traz as
mesmas saídas de ar em X do
SLS, no painel. Falando
nele, uma tela colorida posicionada no centro exibe mapas de navegação
via satélite Garmin e dial digital de rádio.
Revestimento em couro e detalhes em metal fazem estilo do SLK
Segundo
a Mercedes, os revestimentos de couro contam com tratamento químico
especial para absorver menos calor quando o interior estiver exposto ao
sol. Ou seja, no
SLK não há risco de queimar a pele em
contato com o banco de couro em dias ensolarados. Para cobrir a cabine,
basta puxar o botão em forma de U, instalado no console central,
segurando-o até que a capota acople no para-brisa. A operação leva cerca
de 20 segundos, dois segundos a mais que o movimento inverso. Em ambos
os casos, a Mercedes recomenda que eles sejam feitos com o carro parado.
Com o teto guardado no porta-malas, ainda sobra 225 litros de espaço
para bagagens.
Entre os equipamentos embarcados no
conversível estão seis airbags, sistema Neck-Pro, capaz de minimizar o
efeito chicote na coluna vertebral em caso de colisão, cintos de
segurança com pré-tensionadores, ar-condicionado digital, com regulagem
de duas zonas, GPS de alta precisão, farol bi-xenon com lentes
direcionais e assistente de estacionamento com sensores que medem o
tamanho das vagas e dispositivo Attention Assist, que alerta o motorista
por meio de sinais sonoros e visuais em caso de um suposto cochilo na
direção.
Acionamento da abertura e fechamento do teto é feito por botão no console scentral
No
primeiro trecho da avaliação, viajei no banco do passageiro, que
oferece regulagens elétricas do assento, do encosto e dos apoios de
cabeça e lombar. Há espaço de sobra para esticar as pernas, mas a
posição inconveniente do extintor de incêndio incomoda o joelho
esquerdo. Placas giratórias de acrílico transparente, fixadas logo atrás
dos arcos de proteção de cabeça, ajudam a diminuir a turbulência gerada
pelo vento quando o carro está acima dos 100 km/h. Fiz o test-drive ao
lado de um jornalista com 1,84 de altura e cerca de 100 kg de peso.
Perguntei se a posição de dirigir era confortável e ele concordou,
apesar de a posição do assento estar no limite da regulagem e a cabeça
quase encostar no teto.
Ao volante
Assumi o volante do
SLK
já na rodovia dos Tamoios, que liga a região de São José dos Campos ao
litoral norte do Estado. E nos 111 km do percurso pude sentir o
comportamento do conversível em trechos sinuosos, com asfalto de
qualidade regular ou ruim. A suspensão, herdada da geração anterior do
SLK,
trabalha muito bem, mantendo o carro estável. Os pneus largos de 18
polegadas também tem papel importante no bom desempenho do conjunto.
Mesmo em curvas fechadas, contornadas em alta velocidade, o roadster
transmitiu uma sedutora sensação de segurança.
Com o teto
fechado e o câmbio na posição D, o que mais chama a atenção é o
silêncio dentro do habitáculo. O motor parece adormecido. Mas é só mudar
o modo de condução para Sport, apertando um pequeno botão ao lado da
alavanca, para o quatro cilindros despertar. Um dispositivo instalado
próximo do corpo de borboleta se encarrega de dar o tom diferenciado aos
roncos acima dos 4.000 rpm, atiçando quem estiver ao volante. As trocas
de marcha ocorrem automaticamente entre 3.000 e 4.000 giros e de forma
mais áspera. Alterando para o modo M (manual), os engates podem ser
feitos com ajuda de hastes atrás do volante. E esta é a condução mais
prazerosa, principalmente nos trechos de serra. Algumas horas e
quilômetros depois, eu estava de volta à capital paulista. E apesar de
ter feito uma coisa que muita gente sonha em fazer um dia - desfilar a
beira-mar ao volante de um conversível de luxo -, quero esclarecer que
eu, assim como os colegas que cobriram a coletiva do ministro, estava
trabalhando.